Para Rosa Graciela
O profeta de Deus muitas vezes sofre as consequências das profecias que faz. Elias profetizou que nem orvalho nem chuva cairiam em Israel por alguns anos. Em seguida Deus falou a Elias para que ele se escondesse à beira de um riacho de onde beberia e seria sustentado por corvos que por ordem de Deus lhe trariam comida pela manhã e ao anoitecer. Mas, depois de algum tempo o riacho secou.
Andar com Deus e fazer a sua vontade não garantem segurança e tranquilidade para ninguém. A obediência nos faz andar por caminhos difíceis e experimentar o que poderíamos evitar se andássemos por nossas próprias veredas. Isso certamente não quer dizer que seja melhor desobedecer a Deus, pelo contrário, as tribulações que nos advêm como resultado da obediência sempre nos faz bem. Além disso, não podemos esquecer que neste mundo todo riacho pode secar, mas a provisão de Deus jamais faltará.
Os riachos secam, as pessoas secam em seus afetos, em suas relações, mas o amor de Deus e o seu cuidado por nós jamais secam. As chuvas podem até parar, os riachos podem até secar, mas as chuvas voltarão a cair torrencialmente sobre a terra e os riachos de Deus têm vários formatos, coisas inimagináveis em nosso favor.
Quando o riacho secou, Deus mandou Elias ir para uma terra distante onde uma viúva lhe daria comida. Ele a encontrou preparando sua última refeição, porque a seca era geral na terra. A viúva foi obediente a Deus e deu o alimento que tinha para o profeta. Por causa disso sua comida se multiplicou e nunca faltou até que voltasse a chover e a vida se normalizasse. A obediência a Deus sempre abre portas para nós e para outros, mesmo quando a seca predomina sobre a terra. (Leia 1 Reis 17).
Jesus mencionou a experiência de Elias com a viúva (Lc 4.25-26). Ele mesmo vivia da ajuda de pobres e ricos (Lc 8.1-3; 21.1-4). Quando o riacho seca, Deus pode contar com o lanche de um rapaz (Jo 6.9), com a agulha de uma costureira (At 9.36-42), com a hospedaria de um curtidor de couro que os judeus desprezavam porque ele fazia tratamento de peles de animais mortos (At 9.43), com a solidariedade de um estrangeiro não religioso (Lc 10.25-37), com o profissionalismo e a amizade de um médico (Cl 4.14; 2Tm 4.11; Fm 24), com a generosidade de uma igreja (2Co 8.1-5), com você e comigo, com o que somos e temos.
Já tive que profetizar várias vezes que não ia mais chover, já tive que me esconder à beira de vários riachos, já recebi ajuda de várias viúvas pobres, já vi Deus cuidar de mim milagrosamente tantas vezes que não me assusta mais passar por estiagens e ver riachos secarem. Em meu céu sempre tem pássaros voando e a chuva sempre volta a cair, o que me faz confiar em Deus cada vez que muda a estação.
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