Para Rosa Graciela.
Deus criou o mundo em sete dias. Por que não o fez num piscar de olhos? Eu não sei. Mas, ele que tudo pode, gosta de agir por etapas muitas vezes. E esse passo a passo tem a ver não com ele, mas com cada um de nós. Senão, vejamos:
Quando o povo de Israel começou sua peregrinação pelo deserto rumo à terra de Canaã, Deus providenciou um alimento diferenciado para ele. Deus fez chover do céu pão; era algo que surgia no orvalho da manhã ao redor do arraial. Logo que o orvalho evaporava, surgia na superfície do deserto uma coisa fina e semelhante a escamas, fina como a geada sobre a terra. Quando o povo viu aquilo, disse: “Que é isto?”. Em hebraico, essa pergunta tem a forma semelhante à palavra Maná, que é o nome dado a este “pão do céu” que o povo colhia diariamente conforme a porção necessária para cada dia. Toda sexta-feira era colhido o dobro do que se colhia cada dia por causa do sábado que era dia de descanso. Deus definiu a medida exata que cada pessoa devia colher cada dia, cerca de dois litros. Ninguém devia deixar nada para o dia seguinte, e os que assim fizeram viram que o maná guardado criou bicho e cheirava mal. Isso só não acontecia se fosse no sábado, até porque nesse dia o maná não era achado no campo. O maná era como semente de coentro, branco e de sabor como bolos de mel. Os filhos de Israel comeram maná quarenta anos, até que chegaram aos limites da terra de Canaã. Aqui temos uma boa ilustração de que Deus quer tratar conosco passo a passo, um dia de cada vez, conforme a realidade que vivemos no momento.
Mas, Jesus disse que o verdadeiro pão do céu não foi dado por Moisés, mas pelo Pai celestial. “Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo”. Ao ouvirem isso, os ouvintes de Jesus disseram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão. Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”. Os que comeram o maná no deserto morreram. Mas Jesus é o pão que desceu do céu, para que todo o que dele comer não pereça, pelo contrário, viva eternamente e ele o ressuscite no último dia. Além disso, quem se alimenta de Jesus permanece nele, e ele, permanece naquele que dele se alimenta. Quem de Jesus se alimenta, dele viverá. Viver um passo de cada vez na dependência de Jesus é a única maneira de viver em plenitude de vida.
Ainda no início da caminhada do povo de Israel pelo deserto, ele ficou cerca de um ano no Monte Sinai recebendo instruções divinas através de Moisés quanto ao futuro da nação. Naqueles dias Deus prometeu que expulsaria todos os povos que habitavam em Canaã para que a terra fosse toda de Israel. Mas ele disse que não faria isso num só ano, para que a terra não se transformasse num deserto e os animais selvagens se multiplicassem contra o povo. Deus expulsaria aqueles povos aos poucos, até que Israel se tornasse uma nação numerosa o suficiente para tomar posse de toda a terra prometida. Quarenta anos depois, às margens do rio Jordão, prestes a entrarem na terra de Canaã, o Senhor Deus prometeu novamente lançar fora aquelas nações, pouco a pouco, de diante do povo; mas ele não poderia destruí-las todas de pronto, para que as feras do campo se não multiplicassem contra ele. É assim que Deus continua tratando com cada um de nós. Muitos problemas e males são eliminados de nossas vidas por Deus aos poucos, caso contrário, teríamos outros problemas ainda maiores.
Jesus disse: “não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal”. O amanhã de fato não existe, e quando ele chegar, trará junto consigo os cuidados que nele precisarmos; basta que lidemos apenas com a realidade presente. Em tudo isso Deus está junto de nós e em nós para fazer por nós o que dele precisarmos, como está escrito: “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”, isso, cada dia, num passo de cada vez.
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