A Bíblia diz que a fé sem obras está morta (Tg 2.17). O que seria uma fé morta? De alguma forma ela existe. Mas, se existe, por que está morta? Está morta porque ela não tem vida.
O que é a fé? Será que o que importa mesmo é a fé e não onde colocamos a nossa fé? Existe mesmo a fé grande, a fé pequena, a fé poderosa? Como você sabe que tem fé? Onde está a sua fé? Pense nisso. É importante.
O Evangelho narra que Jesus na companhia de seus discípulos atravessava o lago da Galileia, uma travessia de 10 km. Exausto de seus afazeres ele dormiu durante o percurso. Enquanto os discípulos navegavam veio uma tempestade e eles correram o perigo de naufragar. Não podendo fazer nada para superarem aquela situação, mesmo sendo pescadores experientes e acostumados com o mar, acordaram Jesus para pedirem ajuda. Jesus mostrou sua autoridade sobre a natureza e acalmou a tempestade. Mas, em seguida, repreendeu os discípulos dizendo: “Onde está a vossa fé?” (Lc 8.22-25).
A fé não é tão comum quanto parece ser. O povo em geral é crédulo, as crendices se multiplicam, mas a fé no sentido bíblico, essa parece ser cada vez mais escassa, ao ponto de a Bíblia dizer: “Quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.8). Isso foi dito depois de Jesus falar da fé viva de uma viúva.
Presume-se que as pessoas que pertencem a uma igreja sejam pessoas de fé, enquanto que as pessoas que não freqüentam uma igreja são as incrédulas, os ateus assumidos. Grande engano. Foi fora do ambiente religioso onde Jesus encontrou a verdadeira fé. Foi na rua, nas estradas e nos lugares menos prováveis que ele admirou-se da fé das pessoas. Ou você acha que o Zaqueu, o Bartimeu, o bom samaritano, e a prostituta que regava os pés de Jesus com lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos, beijava-lhe os pés e os perfumava, você acha que esse pessoal freqüentava alguma espécie de igreja? De jeito nenhum. Será que não foi exatamente por isso que Jesus disse para a cúpula religiosa de Israel: “Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus” (Mt 21.31).
Com isso estou dizendo que se deve deixar de frequentar uma igreja e que os céticos, aqueles que ficam de longe é que são os de Deus? Claro que não é isso que estou dizendo. Mas deixo claro que as coisas em matéria de fé não são tão departamentalizadas ou definidas quanto queremos que seja. O pessoal que é assíduo frequentador de igreja que se cuide. Muita gente boa, no final, ao prestar contas de seu curriculum invejável de fé, vai ouvir do Senhor Jesus: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7.21-23).
A Bíblia diz: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22). Ser “ouvinte da Palavra” não é o mesmo que ser “praticante da Palavra”. Eu conheço bem o ambiente de igreja, pois vivi lá por trinta e dois anos. O grande problema no universo eclesiástico é que fé é concordar com um sistema de crenças internalizado, mas, a verdadeira fé se expressa no comportamento. Se a minha fé não se expressar em todo o meu estilo de viver, não sei o que é fé. Aliás, o modo como eu vivo é que de fato mostra a fé que tenho. Alguém já disse que só creio na parte da Bíblia que pratico. Se a gente levasse isso a sério, teríamos muita dificuldade em responder: Onde está a sua fé? A fé que não serve, não serve pra nada. Se a minha fé não me ajudar a viver, ela não me ajudará a morrer. Se a minha fé não frutificar, ela não existe, mesmo que eu concorde com a declaração de fé da igreja.
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